Pensamentos convergentes - Autoria múltipla : Lourdes Luz, Beto Abreu, Nara Iwata, Tania Werneck e Antonio Carlindo Lima
Hoje resolvi reler alguns artigos que nasceram
de grupos de pesquisa e um em especial me emociona, não somente pelo nosso
envolvimento mas pelo trabalho desenvolvido com tanta sinergia com os
professores: Antônio Carlindo Lima, Nara Iwata e Tania Werneck de modo mais
direto mas também com Beto Abreu, Paulo Andrade dentre outros – ExperimentAÇÃO.
Grupo transdisciplinar de professores da Universidade Veiga de Almeida, que
contava também com colaboradores externos e se propunha a ensaiar metodologias
acadêmicas inovadoras aplicadas ao Ensino Superior. Tratava-se de uma experiência
embrionária e o objetivo era provocar uma reflexão crítica e possíveis
contribuições no sentido de ampliar registros e discussões com vistas à
qualidade do ensino.
"...
Quando falamos em "fazer" uma experiência, isso não significa
precisamente que nós a façamos acontecer, "fazer" significa aqui:
sofrer, padecer, tomar o que nos alcança respectivamente, aceitar, à medida que
nos submetemos a algo. Fazer uma experiência quer dizer, portanto, deixar-nos
abordar em nós próprios pelo que nos interpela, entrando e submetendo-nos a
isso. Podemos ser assim transformados por tais experiências de um dia para o
outro ou no transcurso do tempo." (Heidergger)
Entendemos,
portanto que ao longo da vida acadêmica a Universidade é o lugar das
experiências, o lugar para desenvolver um processo ensino-aprendizagem que faça
mais sentido para o aluno e para o professor. A experiência abre a possibilidade
de ser, sentir, pensar e fazer.
O
professor, às vezes, fala demais e muitas palavras perdem o sentido. O sentido
da experiência é viver, agir, deixar-se afetar e depois entender e compreender.
As palavras produzem sentido, significados e significantes para o estudante.
Não pensamos com pensamentos, mas com palavras. Pensar com as palavras, vai
além de raciocinar, argumentar e calcular, mas sobretudo dá sentido ao que nos
acontece. Toda experiência é carregada de sentido. As palavras que elegemos, o
que percebemos, o que sentimos são mais que simplesmente palavras. No
dicionário da língua portuguesa a palavra experiência quer dizer "o que
nos acontece, qualquer conhecimento obtido por meio dos sentidos."
A
experimentação é um lugar onde se pode suspender o tempo cronológico. O tempo
cronológico (Chrónos) é o tempo medido, contínuo, tempo útil da produção.
Quando suspendemos este tempo surge o tempo aiónico. O tempo aiónico (Aión) é o
tempo livre do ócio, do vivido, de devaneio, da imaginação. O filósofo da
antiguidade Heráclito diz "o tempo [aión] é uma criança brincando,
jogando. Reinado da criança." (Fragmentos do livro "A cerca da
natureza").
A
experiência que desejamos apontar leva para uma “conexão” com a “atmosfera” de auto
formação, ou seja, o modo como o aluno incorpora o fazer criativo na iminência
de estar em processo de saber, reconhecendo a possibilidade de ser ele mesmo e
expressar esse “ser criativo” para o mundo (um mundo que será feito pelo olhar
que olha). No solo desta experimentação está o corpo, não só aquele funcional,
mas o que é movimento: corpo sensível. Neste âmbito, a experiência é ela mesma
consciência perceptiva, o que caracteriza o resultado destas práticas: o
aparecer de uma vivência de um certo modo inexperiente e também a errância que
permite desenvolver uma possível práxis própria. A potência deste “fazer mundo”
está na frase de Matisse: “quando ponho o verde, isto não quer dizer grama”,
assim Matisse não está representando a cor, mas apresentado uma cor.
Aqui
registramos o cerne de uma trajetoria que não foi muito longa, mas foi bastante
importante, tão importante que eu em parceria com o coordenador de moda da
Universidade Veiga de Almeida, Campus Barra, professor Beto F. de Abreu criamos
o Transitivo Direto que foi a maneira que vimos para tangibilizar uma
experimentação: nosso desejo é produzir
peças simples e acessíveis, através do diálogo criativo entre ideias e pesquisa
de materiais, para isto nos apropriamos com liberdade do uso da matéria-prima
para dar forma e conteúdo a uma primeira linha de produtos - acessórios e utilitários.
Do
chão para a rua.
Da bolsa para a parede.
Na parede ilumina e transita!
Complementa um espaço, faz sentido no corpo - transitivo.
Um amor transitório QUASE passageiro. Um espaço.
O espaço sem dono ou de todos e um corpo que pertence ao espaço.
...assim! Transitivo direto.
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