terça-feira, 30 de abril de 2024

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Mulheres na Arte – um capítulo à parte

 Iniciaremos esse capítulo no século XIX, que possui nos 100 anos de sua composição, as primeiras grandes transformações no mundo ocidental.

No ambiente das artes, são poucas figuras femininas que obtiveram destaques, no período em que viveram. Escolhemos Berthe Morisot - pintora francesa e uma das principais figuras do movimento impressionista, e por quem temos muita admiração.

Berthe Morisot

Ela nasceu em Bourges, França, em uma família rica, e desde jovem mostrou interesse pela arte. Morisot recebeu treinamento formal em arte e começou a expor seu trabalho no Salão de Paris.

Foi uma das primeiras artistas, a retratar a “mulher burguesa”, a feminilidade, o prazer da juventude e a maternidade. Pintava cenas da vida moderna, incluindo paisagens, retratos e cenas domésticas e íntimas, espaço pouco acessível aos homens-pintores.  

Mulher fazendo o toilette

O Berço

Morisot estava associada a outros artistas impressionistas, incluindo Manet, Monet e Renoir. Renunciou, em um primeiro momento, ao matrimônio, porque mulheres casadas, de determinadas classes sociais, não poderiam dedicar se a ofícios remunerados, porém a artista, tornou-se esposa de Eugène Manet, irmão de Édouard Manet, o que fortaleceu ainda mais suas conexões no mundo da arte.

Ao longo de sua carreira, Berthe Morisot enfrentou alguns dos desafios e preconceitos que as artistas mulheres de sua época enfrentavam. No entanto, persistiu e fez contribuições significativas para o movimento impressionista, entendeu o significado das rupturas e através de pinceladas vigorosas, seu trabalho continua a ser celebrado por sua inovação e sensibilidade.


Eugéne Manet, marido de Morisot

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Pedra do Sal – um Rio para se reconhecer!

 

Quem chega no Largo João da Baiana no bairro da Saúde, Rio de Janeiro, e vê a estreita colina de rocha com uma escadaria talhada, não imagina como um local tão pequeno abriga uma grande e importante memória da cultura carioca.  Pois foi neste espaço, próximo ao centro do Rio, onde nasceu o samba, gênero musical mais representativo do Brasil no mundo.



A história daquele lugar nasce no início do século XVII, quando um grupo de baianos se instalou na região, onde a moradia era mais barata e mais próxima ao Cais do Porto, ou seja, oferecia melhores condições aos trabalhadores da estiva. Era um local de ruas tortuosas e becos em torno da Pedra da Prainha, depois conhecida como Pedra do Sal, onde ficava o mercado de escravos.


 PEDRA DO SAL

Com a chegada da Família Real no início do século XIX, toda a vida urbana se expandiu, assim como a atividade portuária, e surgiram vários trapiches na orla marítima. No mesmo período, se agravaram as condições de vida na capital da Bahia, o que propiciou uma migração sistemática de sudaneses, para o Rio de Janeiro, fundando-se praticamente uma pequena difusão baiana na capital.

A mais famosa de todas as baianas que habitava no entorno da Pedra foi Hilária Batista de Almeida, a Tia Ciata, citada em todos os relatos do surgimento do samba carioca e dos ranchos, e viva na memória da comunidade preta da cidade. Mãe de santo, ela praticamente abrigava o samba e seus compositores e intérpretes em sua casa, naquele local que passou a ser conhecido como Pequena África. Tia Ciata tornou-se a iniciadora da tradição carioca das baianas quituteiras, e inclusive foi documentada no livro de Debret "Viagem Pitoresca e Histórica do Brasil".



QUITUTEIRAS DO DEBRET

Desde o final do século XIX, essa área ao redor da Pedra do Sal se tornou um um centro de expressão cultural carioca. Também desempenhou um papel fundamental no samba, que começou com os saraus da Tia Ciata, com a presença de grandes nomes como Pixinguinha, Donga e Heitor dos Prazeres, e chegou aos atuais encontros semanais dos amantes do samba.


  HEITOR DOS PRAZERES  
 

Autores: Lourdes Luz e Virginia Palmerston (co-autora)

O texto foi publicado  originalmente na Revista Digital: Conexão Décor

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Lado a Lado: A Novela que revelou faces do Rio de Janeiro, no início do século XX

 

O Rio de Janeiro, no início do século XX, vivia um momento peculiar em termos de costumes e práticas cotidianas. De um lado, o fim da escravidão, com a formação das favelas e a afirmação da cultura negra, e, de outro, a reforma da cidade e a ampliação dos bairros nobres, além do início da emancipação feminina. Esse era o pano de fundo de Lado a Lado, umas das melhores telenovelas dos últimos tempos.  Foi um prazer rever a obra, mesmo que em ritmo de “maratona” - já que foi exibida originalmente de setembro de 2012 a março de 2013 - para levar ao leitor da Revista Conexão de Décor, onde mensalmente abordamos temáticas ligadas a cenário e figurino, uma análise da cidade do Rio, sob esses aspectos, tão bem trabalhados que foram capazes de nos transportar para os primeiros anos do século XX.

Para quem não viu, a novela tem como protagonistas Laura e Isabel, que lutam pela igualdade das mulheres, em uma sociedade extremamente conservadora. A primeira, em determinado momento, opta por um divórcio, o que, naquela época, significava uma desonra para os cônjuges, para a família e a parentela - apenas questões graves levariam a esse extremo. A segunda tem um filho fora do casamento e precisa combater mais preconceitos. A trama abordou também temas como o fim dos cortiços, o desencadeamento das favelas, a revolta da vacina e da chibata, o começo da República, entre outros acontecimentos marcantes.

Os autores, João Ximenes Braga e Claudia Lage, exploraram muito bem a temática, guardadas as devidas questões pertinentes ao tempo em que a novela foi transmitida. O elenco era igualmente espetacular, encabeçado por Marjorie Estiano (Laura), Camila Pitanga (Isabel), Thiago Fragoso (Edgar), Lázaro Ramos (Zé Maria) e Patrícia Pillar (Constância).

A Cidade cenográfica, proposta por Mario Monteiro, foi um universo retratado em 2550 m2, com 10 metros de rua ocupados por lojas, confeitaria, teatro, barbearia somado a recursos gráficos disponíveis 10 anos atrás.


Cenário Rua do Ouvidor

O núcleo que se desenvolvia no Morro  da Providência tentou representar a condição sub-humana na qual viviam seus moradores. 

 

Nos interiores dos “palacetes”, no núcleo de ex barões e baronesas, encontramos um mobiliário com linguagem eclética: entre chipandelle inglês e Luiz XV francês, ambos podendo  ser considerados um estilo Rococó revisitado.



Quanto ao figurino e à caracterização, naquele momento o Rio de Janeiro mimetizava a Europa, com alguns anos de atraso. As lojas de departamento, com modelos prêt-à-porter, poderiam ser encontradas, desde o final do século XIX, em Londres e Paris, onde a população dos novos ricos estava mais interessada nos efeitos, a indumentária reunia reminiscências históricas que demostravam o desejo de reviver a antiga aristocracia.

As mulheres ganharam roupas com fino acabamento, babados, plissados, franjas, muita renda francesa, e o espartilho ainda se fazia presente. Esse figurino era composto por diversas camadas, deixando o corpo mais firme (e desconfortável).  Luvas, chapéus ornamentados e sombrinha compunham o “look”. As cores pastéis mostravam elegância – em tecidos como organza, seda, musselines – ou seja, o que era moda em Paris agradava as representantes da elite no Brasil.

Os homens, mesmo com o forte calor do Rio, optavam por tendências vindas da Inglaterra, como ternos de lã, nas cores cinza, marrom ou preto e chapéus de feltro ou coco, com acessórios que ratificavam simbolicamente o poder: bengalas, joias, corrente de ouro com relógio, além do charuto.

 

 

 

  As roupas do núcleo pobre na trama passaram por um processo de envelhecimento e desgaste. Sem dúvida, temos que considerar um certo olhar romântico na reprodução dos valores daquele grupo, porém discussões importantes contribuíram na construção do enredo.

 

Lado a Lado conquistou o prêmio Emmy Internacional 2013 como Melhor Novela, e também foi premiada pelo Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap), que promoveu a sétima edição do Prêmio Camélia da Liberdade. A trama venceu na categoria Veículo de Comunicação por mostrar a situação da população negra após a abolição da escravatura.

Por fim, coroando a alegria em rever o folhetim carregado de tanta história do Brasil e do Rio de Janeiro, a trilha sonora foi também um grande destaque, o presente abraçando o passado, com samba, rap e pop rock:

Vem ver, vem reviver comigo amor
O centenário em poesia
Nesta pátria, mãe querida
O império decadente, muito rico, incoerente
Era fidalguia

...Liberdade, liberdade!
Abra as asas sobre nós
E que a voz da igualdade
Seja sempre a nossa voz

 

A música composta por Niltinho Tristeza, Preto Joia, Vicentinho e Jurandir, foi o samba enredo da Imperatriz Leopoldinense, para o carnaval de 1989 e tema de abertura da novela.

 

Imagens : GSHOW
O  artigo foi publicado originalmente na Revista Digital: Conexão Décor

Autores: Lourdes Luz e Virginia Palmerston (co-autora)

segunda-feira, 5 de junho de 2023

Texto de apresentação - Exposição de Marcio Atherino: FRONTEIRAS & RISCOS – uma alegoria.

 

O artista visual Marcio Atherino apresenta, após reclusão global obrigatória, a Exposição FRONTEIRAS & RISCOS.



Mediante traços que delineiam e manchas expressivas, constrói e desconstrói limites e acima de tudo, registra um legado: a prova de uma existência, testemunho de conflitos carregados de  mistério e inquietude.



O inconformismo se dá nos diversos aspectos de sua obra, desde a utilização de técnica  mista: acrílico em tela,  pastel, pilot, caneta,  perpassando por um repertório formal, ao mesmo tempo simples e complexo, com referências ao Blaue Reiter, expressionismo abstrato, Escola de Nova Iorque e por vezes ao surrealismo.

Franz Marc - The Blaue Reiter

Pollock - Escola de Nova Iorque, Expressionismo abstrato

Eminentemente urbana, seus trabalhos transcendem a realidade objetiva, importa aquilo que se vê e o que se esconde. Atherino transita nas fronteiras entre o entre o barulho e o silencio, entre o individual e o coletivo, com riscos e manchas enfáticos e alegóricos, cujos contornos negros, que atravessam muitas obras, vão engendrando histórias pessoais, familiares e sociais.
 


 

domingo, 23 de outubro de 2022

Resumo de atividades:

 1. Arte e subjetividade, parceria com o grupo SEMEAR Aprendizagem

. e-flyer

 

. link resumo da apresentação: 

https://www.facebook.com/lourdes.luz/videos/3468661356696448?idorvanity=830526374530933

2. Depoimento de alunos


3. Direção de documentário "Rio para se reconhecer" (nome  provisório), com João Torres e Pedro Kuster
 






4. Podcast  - conversas sobre "muitas artes"

https://open.spotify.com/episode/7xZtub5eg1IHqxG2aDAEB7?si=4Q32MlhTS4ir2epQrlbDdw


5. Publicamos neste blog pensamentos, reflexões, artigos sobre ARTE, ARQUITETURA e CULTURA

6. Referências bibliográficas:

Arendt, Hannah. A Crise na Educação. Entre o Passado e o Futuro. São Paulo: Perspectiva, 2001.

Bastos, C. C. Metodologias ativas. 2006. Disponível em: <http://educacaoemedicina.blogspot.com. br/2006/02

Robinson, Ken. Escolas Criativas: A Revolução que está transformando a Educação

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Duas exposições - Algumas reflexões!

Esta semana, tive a oportunidade de visitar duas exposições bem interessantes, as quais me fizeram refletir sobre temas como construção e desconstrução, em contraposição a um universo onírico:

“Barrão e Josh Callaghan - são artistas da construção artesanal. Fazem tudo a mão. Sozinhos em seus estúdios, recriam e dão vida nova a objetos do mundo que já passaram pelo nosso cotidiano.  Reinventam o ordinário em composições que se contaminam entre si. Escultura em busca de uma rima boa .... Pedaços de coisas que são palavras...” (Raul  Mourão – curador da Exposição FALA COISA).

Josh Callaghan (parte)

Barrão

Em paralelo, numa rua bucólica do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, existe um lugar, chamado Espaço Movimento Contemporâneo Brasileiro, e no início de setembro, fui convidada a atravessar a porta de número 273, quando naquele momento, uma atmosfera onírica envolveu o meu olhar, onde cada imagem revelada, nos trabalhos  expostos de Mika Chermont, trazia consigo uma história.

Entre os tecidos, em leve movimento, “o não dito” nutre a testemunha-fruidor com poder e proteção - nos olhos e bocas. E os backlights dialogam com as paredes originais da casa, num discurso entre passado e presente, pontuado por uma nuvem de encantamento.



Arteeblog: Pinturas sobre trabalho ou trabalhadores

Arteeblog: Pinturas sobre trabalho ou trabalhadores : Gustave Caillebotte - The Floor Scrapers – 1875 – óleo sobre tela - Musée d'Ors...