terça-feira, 25 de setembro de 2018

A linha: rastro do ponto. Willian Farias



WILLIAN FARIAS - designer e artista plástico com passagem pela arquitetura. Atualmente reside na cidade de Zurique. É um cidadão do mundo, mas com olhar atento as suas origens: brasileiro com formação profissional assente no concreto e no rigor formal.


Estes dois trabalhos, escolhidos quase que pelo critério do gosto, por um lado possuem uma certa aproximação com os postulados do concretismo: nada mais factual que uma linha, uma superfície, uma cor. Por outro, me levou a fazer conexões com Kandinsky: vejo a linha como o rastro do ponto que aponta e a linha que força o ponto em uma direção (ou várias), passando do modo estático para o dinâmico. É um jogo de traços verticais, horizontais, curvos, oblíquos e quebrados. Na linguagem pessoal do artista há uma configuração de ritmos e tensões que reverbera no plano, espaço e nas três (ou quatro) dimensões. Os trabalhos são austeros na composição, não há sentido oculto, todavia quando ultrapassa limites ganha em poesia.

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Caravela , de Susana Palmerston


Esta semana dediquei a poesia.
Selecionei duas poetisas maravilhosamente vicerais !


Caravela

Há barcos que nos crescem na alma com o único propósito de nos navegar, fazem-nos de mar, de porto, de chegada, de lenço branco na mão  mas um dia, sem aviso, sem fogos, nem apito, fazem-nos de partida .Tanto quanto eu sei foi assim que nasceu a saudade: embrulhada num lenço branco, num dia de partida, sentada  naqueles olhos vazios, a  acenar a um barquinho que nunca viu..... mas que lhe disseram rumava ao céu.
Aos pequeninos diz-se que foi uma estrelinha que nasceu, e eles, sorriem o sorriso de tantos barcos para os navegar, aos grandes não se diz muito, porque eles ouvem pouco, já não sentem a alma lavada porque com os barcos foi a água, e do céu já só se lembram que lhes pode cair na cabeça .
Há barcos, que nos crescem na alma, para tapar os buracos da nossa geografia, para sermos terra à vista e não, terra à deriva, só nunca percebi porque se vão desta água quente, que é a nossa vontade de ser feliz, deste porto seguro que se pudesse, se transformava em amarra.... para jamais ver chegar a partida.
Sr.poeta, será que quando disse: “ alma minha gentil, que te partiste tão cedo ”,não queria dizer “alma minha gentil, que naufragas-te tão fundo...”
E a saudade, quem mandou vir essa senhora? Eu não fui, então porque que é que tenho a alma em dia de partida? Porque abandonam os barcos o meu cais? Quem inverteu as rotas e trocou os dias?
Escorrem-me  barcos e águas pelo caminho, não fosse a Caravela que me leva ao oceano, a ancora que me prende à luz, o meu mastro de felicidade, afundaria na próxima esquina .Essa Caravela, chama-se AMOR, e leva-me na única e necessária viagem da minha vida.

                                                                                                          Susana Palmerston
poetisa e atriz portuguesa

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Sem Título - Poesia de Maria Vasco



Ouvindo Capiba, sorvendo Suassuna

Sei que sou uma entre cores várias.

Só a arte me arriba e nessa área

não há nada que me proíba

de ficar encantada.

Caminho atenta entre a vida e a morte,

Achando que é sorte quando algo me tenta.

Abrindo o pano do palco

ressuscito pedindo alto

que a poesia compadecida se expresse em mim

num movimento sem fim.



Maria Vasco é artista plástica, compositora e poeta. Completou em 2017, 50 anos de carreira, apresentando um trabalho multifacetado que transita por diversas manifestações artísticas. A artista traz em seu currículo parcerias musicais com grandes nomes da nossa música, como Paulinho da Viola, Moraes Moreira e Paulo Moura. Ao longo de sua trajetória, já foi âncora do Jornal Hoje na Rede Globo e primeira porta-bandeira da Banda de Ipanema. 

Aos 69 anos, lançou um livro de poesias eróticas, O Livro Vermelho, que traz à tona a relação feminina com o prazer. Uma obra que, acima de tudo, simboliza a liberdade da mulher na sociedade contemporânea.
Autêntica, bem-humorada e excêntrica, Maria Vasco sempre surpreende com sua gargalhada e uma personalidade altamente irreverente.


Conheça mais do trabalho dela neste link: https://goo.gl/5LTwnA


Admiro com muitos aplausos !!!

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Criar e Realizar por Ivan Cavalcante


Criar e Realizar
Quando me deparo com as imagens selecionadas por Ivan Cavalcante, designer de Moda e artista visual mineiro, no Instragram me vem uma vontade de refletir e conversar sobre PROCESSO CRIATIVO – tema complexo mas muito rico.

Há quem interprete criatividade como uma atividade relativamente não estruturada, dotada de movimento circular em torno de ideias até se deparar com a ideia certa. Embora esta postura possa funcionar em algumas situações, sabe-se que em outras uma abordagem mais estruturada é fundamental. Se a liberdade para experimentar torna-se essencial para a criatividade, como coloca Ivan “construir para desconstruir, desconstruir para construir, construir para desconstruir ... “ também é necessária alguma disciplina para assegurar objetividade e consistência. Criatividade não pode significar improvisação sem método.



    
O método é o caminho para atingir uma finalidade. Portanto, o processo criativo corresponde à aplicação do método de forma livre porém estruturada, gerando um design coerente. É difícil perceber método sem processo.

O processo é o método em movimento, o conhecimento em curso na criação e realização do objeto. O Design, em sua essência, é o resultado do processo consciente de escolhas que expressa o modo de ver e interpretar a(s) realidade(s).

Quando Ivan apresenta “um tronco, uma árvore sendo protegida dos ventos por um cobertor ...” e ainda quando menciona que “começa um projeto trabalhando com formas corporais estranhas ...” projeta-se “nova possibilidade de interação com esse abrigo que chamamos de corpo”. Aí está o processo.




Tronco de Árvore
       
         Como diz Kandinsky – o trabalho final deste designer e artista visual que admiro, reverbera, ecoa ora lirismo ora o drama e o conflito. Cor quase ausente, uma busca pelo silêncio, mas sempre pulsando. Essa é a linguagem pessoal de Ivan Cavalcante que está intimamente ligada à emoção.


Donald Norman fala que a emoção é a experiência consciente do afeto. A capacidade de criar deriva de uma fusão de técnicas, saberes, compreensão e imaginação, consolidados pela experiência.

Viver através dos sentidos!


quarta-feira, 5 de setembro de 2018

1a. POSTAGEM: Inauguração - Dois Olhares


Quero dar inicio aos meus registros com a 1a. curadoria que fiz este ano de 2018.

DOIS OLHARES - Orgânico e Corpóreo

Eduardo Ventura nesta exposição cria perspectivas que transitam entre a realidade e a imaginação, entre o conceito e o concreto. O artista abre espaço nas camadas sobrepostas de luz e apresenta figuras indistintas nas paisagens, numa quase névoa que envolve o fruidor neste lugar impreciso.

A pincelada expressiva tem na cor uma linguagem própria que estimula o olhar numa desconstrução livre da representação mimética mas que da forma a realidades profundas e revela a fotografia imperfeita de um território inventado, ressignificado nas ausências e limitações.
Eduardo e Fernanda. Dois olhares com elos esteticamente fortes sobre o orgânico e o corpóreo, juntos buscam um mínimo nas trajetórias compostas por valores simbólicos. Arte e design – design e arte entrelaçados em sua essência, os dois artistas em suas obras passam por um processo consciente de escolhas que expressa o modo de ver e interpretar a(s) realidade(s).
 Fernanda Ventura exibe numa linguagem pessoal intimamente ligada à emoção –a experiência consciente do afeto que nos afeta – usuários. Suas joias exibem equilíbrio físico e visual de um tempo presente. Esta contemporaneidade é ainda carregada da projeção de um mundo mágico onde as cores das pedras suportadas pelo metal, evocam sensações: regenera em sua plenitude e promove uma doce expressão da força. TALISMÃ.




Arteeblog: Pinturas sobre trabalho ou trabalhadores

Arteeblog: Pinturas sobre trabalho ou trabalhadores : Gustave Caillebotte - The Floor Scrapers – 1875 – óleo sobre tela - Musée d'Ors...